Quão enigmático é o nosso corpo.
Embora simbolizado de infinitas maneiras, expõe a realidade do concreto, do palpável. Tanto a relação consigo mesmo quanto com o outro é mediada pelo corpo: olhar, toque, cheiro, , calor, faltas, excessos, atração ou repulsas. Percepções do mundo, de nós mesmos e daqueles que nos cercam são intermediadas pelas reações corporais.
É no contato com o corpo do outro que a vida é gerada, somos acolhidos e nos constituímos como protagonistas de nossa própria vida. Como um campo profícuo de conflitos psíquicos, atravessados pela sexualidade, o corpo testemunha desejos e ansiedades, sofre dores e angústias, permeado pela multiplicidade de sentimentos.
Múltiplas também são as maneiras como as inúmeras áreas do saber olham o corpo, se referem a ele e lhe conferem significados. O corpo a qual se voltam fisiologistas e anatomistas, por exemplo, não é o mesmo sobre o qual fala a maioria dos psicólogos e certamente não tem os mesmos sentidos que os psicanalistas atribuem a ele. Os cientistas o separam em partes e o examinam. Psicoterapeutas o reconhecem como integrantes de uma unidade que se compõe com a mente. Já os médicos, em geral, se concentram em aplacar seus desconfortos, sinais e sintomas. Há ainda o corpo erógeno, desejado e desejante, o corpo envolto pelas paixões ou atormentado pelo desconforto. O fato é que estamos nele e existimos como sujeitos apenas encarnados, corporificados.
O corpo em constante transformação - real ou imaginário, adoecido ou em busca da saúde - seus sinais, gestos, suas interações com o psiquismo, possíveis terapias, mistérios e facínios inexoráveis, pulsantes. Um corpo às vezes prazeroso, às vezes assustador - em carne e osso, no qual se desenrola a experiência do existir.
P.S: Um texto profundo, o qual nos remete a refletir sobre a importância da nossa exitência nessa vida tão singular e breve.
Abraço apertado e energizado a todos.